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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Resenha: O Sol é Para Todos, Harper Lee

 Sinopse:
Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações. Fonte Skoob


Um livro que transmite ensinamentos para vida, principalmente para pais e mães.

A leitura começa na descrição do local, seus costumes da época, a vida pacata da cidade de Maycomb. A autora narra na visão da garotinha Scout, sempre mencionando uma situação no seu presente e com isso ela faz um gancho nos contando o passado de algum personagem, o que aconteceu na época da cidade, sutis digressões.
A escolha da autora em contar a estória através do olhar de uma criança sensibiliza a narrativa com sua inocência e vários questionamentos deixando a leitura muito mais fluida, sincera e delicada.
A narrativa procura aproximar bastante da nossa realidade, não faltando resoluções trágicas, consequências tristes de atos de covardia, maldade e falta de respeito que infelizmente é inerente ao ser humano.

Cada personagem não está ali por acaso, cada um tem sua importância durante a estória. A protagonista e narradora, Scout é uma menina inteligente, precoce e de certa maneira de temperamento forte. Uma das características da narradora é a paixão pela leitura, o que encanta o leitor ávido, a qual deriva de uma influência bem amorosa de seu pai. A Scout também narra situações bem engraçadas e outras bem tensas, ao lado de seu irmão Jem que está entrando na pré-adolescência e já demonstrando uma personalidade mais complexa. Os dois são orientados e educados pelo seu pai: Atticus Finch, advogado de uma certa idade, que sempre prefere dialogar, mostrar o melhor caminho para seus filhos ao invés de batê-los. Atticus consegue esclarecer o certo e o errado para seus filhos de forma a fazê-los obedecer, mas sem forçar respeito e sim ganhando-o pelo seu bom caráter e exemplo, não só como pai , mas também como pessoa na sua comunidade.
Outro personagem bem importante é a Sra. Maudie, mulher de vanguarda, inteligente, que sabe sua condição como mulher na sociedade machista, mas sabe conseguir respeito expondo sua opinião mediante a situações preconceituosas e injustas.
Boo Radley é um personagem bem importante que vai revelando seu caráter através de atitudes durante o livro.

Encontramos várias questões morais e sociais no enredo. Situações que chegam a ser bem atuais como: machismo, preconceito racial, desigualdade de classes, o fanatismo religioso, que infelizmente ainda hostiliza pessoas na nossa “sociedade moderna”. Em cada problema apresentado a autora soluciona de forma a fazer o leitor questionar bastante no que teria feito no lugar dos personagens, lições de caráter e dignidade são bem exemplificadas. Nas minhas reflexões sobre a leitura percebi o quanto a autora enfatiza o respeito ao próximo não importando raça, cor, gênero e idade. Que só podemos entender o outro quando nos colocamos no seu lugar, “calçando o sapato do outro”. Que viver em sociedade é respeitar o próximo como você quer ser respeitado. É um ensinamento antigo e que todo mundo esta cansado de ouvir, mas quase não há prática atualmente.

Um livro que faz diferença na vida de todo leitor e que merece ser lido e relido em várias épocas da vida, não importando a idade.


Quote:
“Eu não gostava de ler até o dia em que tive medo de não poder ler mais. Ninguém ama respirar”. Pág.: 29


Nota do Filme:

O filme é adaptação deste livro incrível, dirigido por Robert Mulligan em 1962 e ganhador de vários prêmios: 3 Oscars, 3 Globos de ouro entre outros. Uma adaptação que realmente soube passar toda a essência da estória das páginas para a telona. Com interpretações maravilhosas que repercutiram numa época em que se discutia e lutava-se pelos direitos civis.

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